quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"O doce lar de Alessa."

A coleção da estilista e publicitária Alessa, para o inverno 2011, foi denominada "Doce Lar" e se refere não apenas ao conforto de nossos próprios lares (das nossas cozinhas fartas de delícias gastronômicas), mas também ao aconhego da cidade maravilhosa: nosso Rio da Janeiro.
Sua pretensão foi, através da moda, que é sem dúvida um dos veículos mais fortes de comunicação, apresentar looks que nos contaminassem, polvilhassem, granulassem, recheassem com alegria, humor, calor, conduzindo-nos ao passado, à infância em que nos deliciávamos com os doces e bolos de nossas prendadas avós (a minha criava bolos-cenários com balas, chocolates, confetis, gelatina, fios de ovos).

Lembranças à parte, a cartela de cores saiu da mistura de ingredientes: chocolate, caramelo, pistache, cereja, vinho, confetis, glacês, jujubas, fotografados na cozinha da casa da designer. As guloseimas ultra-coloridas (cupcakes tão na moda, bombons, balinhas, M&Ms) viraram estampas lúdicas, enquanto os canutilhos e paetês representavam os granulados.

Alessa criou macacões bem confortáveis (semelhantes àqueles que as crianças usam para dormir) e os polvilhou com paetês. Sobre eles, jogou, casacos transpassados, que mais pareciam robes, penhoares de tule transparente. Depois, misturou pelúcias desgastadas que, embora não se mostrem muito atraentes, trazem para as passarelas aquele clima de conforto de dentro de casa, das nossas roupas batidas, surradas. A intenção parece clara quando olhamos para os pés das modelos: com as ankles boots que muito lembram os chinelos divertidos e quentinhos de quarto.

O conforto também evidenciou-se nos vestidos, muitos deles longos e "confeitados", em cetim e crepe de seda. Enquanto alguns vinham soltos pelo corpo, com mangas morcego bem amplas, outros eram presos na cintura e tinham largos babados. Algumas peças em malha estampada, mais coladas ao corpo, serviam como plataforma para a sobreposição de peças, bastante presente em toda a coleção.

O lado "criança gulosa em festa" prevaleceu também nos acessórios. Os colares de jujuba, de confetis e cupcakes (com interjeições como "humm", "sim"), os óculos de gatinho (que a gente usa nas festas de casamento e formatura), a trilha sonora "Candy" (de Iggy Pop) e "Não é proibido" (de Marisa Monte) e o arco-íris "pão-de-açúcar" do cenário eram um convite explícito para que as mulheres se permitissem brincar, se soltar e ser feliz.

























































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