sábado, 25 de agosto de 2012

Caravaggio e seus seguidores.

     Que tal conhecer um pouquinho da vida e obra do pintor milanês Michelangelo Merisi, mais conhecido como "Caravaggio"? É só dar uma passadinha no MASP, até o dia 30 de setembro e conferir.
     Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o fato de a exposição ser composta por apenas seis obras do artista e outras tantas de seus seguidores, que aderiram a seu estilo, de maneira um pouco superficial e maneirista.
      Mesmo assim, vale a visita, por ser a pintura de Caravaggio inovadora para a época (1571-1610), caracterizando-se pelo claro-escuro, pela iluminação da cena como um raio de luz forte e direta, como um holofote que traz dramaticidade e tensão emocional à sua obra, esculpindo os corpos.
     Dentre as obras, muitas vezes de temática religiosa, muito interessante a "São Jerônimo que escreve" (1605-2606), em que as luzes se voltam para a figura do santo que, imerso em meditação, dedica-se aos estudos e à tradução da Bíblia, ficando evidenciado o contraste entre a cabeça de São Jerônimo e um crânio de uma caveira sobre os livros.

 
     Da mesma forma, a pintura "São João Batista que alimenta o cordeiro" traz São João como personagem principal e trabalha a questão da adoração dos rebanhos pelos pastores. Trata-se de um quadro sintético, melancólico e introspectivo, como acontece também com a pintura "São Francisco em meditação", obra sugestiva que representa o santo, isolado, frente à imagem da morte, verdadeira e profunda reflexão mística.

 


      Em "São Januário degolado ou Santo Agapito" (1610), o artista apresenta o mártir, cidadão e patrono da Palestina, degolado, e, na "Medusa Murtola" (1597) apresenta a famosa figura da Medusa. Sob uma camada pictórica final, o artista elabora um desenho de preparação e esboços visíveis, para poder construir uma imagem complexa sobre uma superfície convexa (um escudo). Já em "Retrato do Cardeal", o artista utiliza uma mistura  de tinta luminosa, com pinceladas rápidas na parte exposta à luz, esculpindo a cabeça do cardeal com a luz.



 


     Como Caravaggio teve de deixar Roma às pressas, em razão do seu envolvimento em um duelo, que resultou na morte de seu opositor, fugindo para Nápoles, depois para a Ilha de Malta e para a Sicília, não formou, diretamente, nenhum discípulo para satisfazer os pedidos de interessados em sua arte.
     No entanto, inúmeros pintores passaram a seguir sua maneira de pintar, utilizando sua iluminação das cenas semelhante àquela do teatro (com um foco de luz forte e direto naquilo que queria destacar). Dentre eles podemos mencionar Giovanni Baglione, Tommaso Salini, Orazio Borgianni, Carlo Saraceni, Orazio e Artemisia Gentileschi, Leonello Spada e Simon Vouet, todos expostos junto ao mestre.
     Para quem é curioso e quer saber como se atesta se uma obra é ou não de determinado artista, interessante conhecer as inovações tecnológicas que surgiram e têm papel importante para a proliferação de pesquisas no campo da Arte, permitindo que se revele o processo da pintura e que se analisem as pinceladas dos artistas. Afinal, até então, todas as análises eram feitas a olho nú.
     Fica a dica: conhecer as obras do mestre do Barroco (e de seus seguidores), mostradas pela primeira vez no Brasil. Ah! E aproveite a viagem para se deliciar com o acervo permanente do MASP, no segundo andar, que tem obras de Van Gogh, Monet, Manet, Degas, Bonnard,Vuillard, Renoir, Matisse, Lautrec, Chagall, Cèzanne, Gauguin, todos meus queridinhos. Assim terá uma amostra bem diversificada do trabalho de grandes artistas, em diferentes momentos históricos.

Informações úteis:
O MASP fica na Avenida Paulista, 1578.
Abre de terça a domingo, das 11 às 18 horas.
Às quintas, o museu fecha às 20 horas, e a bilheteria fecha sempre meia hora antes.
Os ingressos custam R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia).
Visitantes de até 10 anos ou acima de 60 não pagam ingresso.

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