quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"Poema Improvisado", de Gustavo Ferreira Rossi

"Esta vida inteira já não cabe em tuas mãos:
és nítida prisioneira,
teus pés criaram raízes.
Entretanto, foges apressada
por um chão que já não pisas,
e a agonia te emoldura, fatigada.

Porém teu corpo desliza entre os litígios,
entre os cadáveres dos assassinos,
pois musa moderna que és,
tua beleza independe das flotes,
pois as únicas flores que existem,
são as que nascem de ti.

O mundo que te encarcera,
alimenta personagens tristes,
ilusões descalças,
bailarinas desamparadas.
E apesar da violência da cidade,
da pornografia industrial,
és uma rainha despida
entre as crianças.

Por isso, embora teus olhos
arrastem quilates de tristeza,
teu coração é um pássaro de fogo
no verão da montanha.

E por mais que envelheças,
guardarás intacta,
a verdadeira beleza."

2 comentários:

  1. Fernanda, que bom revisitar esse texto, confesso que não me lembrava mais dele, lembrava apenas que tinha escrito alguma coisa para vc, que merece muito mais que isso. Que bom revisitar aqueles anos da Sanfran,tive muitas tristezas lá, mas alegrias muito grandes, como desfrutar de sua amizade. Fiuqei muito comovido, não sabia que vc tinha guardado o texto. Um abraço para sua mãe, lembra-se quando mostrei um monte de coisas para ela? Puxa, teve de me aguentar, risos. Um beijo, não me esqueço de vc não.

    Gustavo Rossi

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    1. Gu, realmente só posso agradecer pela sua amizade... Quantas vezes não ouviu contar meus casos, minhas alegrias e tristezas, não é mesmo? E olha que eu era incansável em "tagarelar"... Rssss...É uma das coisas de que sinto falta na San Fran...
      Beijinhos e nunca desista dos seus sonhos

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